“Gastronomia é paixão, é amor. É você amar o ingrediente, amar trabalhar
com ele". É assim que o chefe de cozinha, que prefere ser chamado de
cozinheiro, Pedro Drudi, define sua profissão.
Pedro mora em São Paulo e presta consultoria a restaurantes, buffets e trabalha na administração do curso de gastronomia da universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo. No último dia 12, ele veio até Campinas para a gravação de uma aula de culinária, porém ela não ocorreu, mas mesmo assim conversei com ele sobre os cursos de gastronomia que acabaram virando moda.
Para se ter uma ideia do aumento desses cursos no Brasil, uma pesquisa feita
pela Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), em 2011, mostra
que houve um aumento de 30% no número de alunos matriculados em curso técnico
de gastronomia e que o número de instituições que aderiram ao curso, foi de 4
para 96, em 5 anos.
Drudi explica que esse aumento ocorreu devido a glamourização da
profissão. O que antes era considerado trabalho para pessoas com baixo grau de
escolaridade, hoje já se tornou uma profissão cheia de glamour, é isso se deve
a mídia, que acaba mostrando que se tornar chefe de cozinha é uma forma de
conseguir chegar ao estrelato rapidamente.
Mas nem tudo são doces dentro dessa cozinha. O cozinheiro explica que a
maioria dos alunos não sabem como é o curso, acham que é apenas cozinhar, por
isso a desistência do primeiro para o segundo ano chega a 50%. “A mensalidade
do curso é cara, o estagiário não ganha bem. Os alunos pensam que não terão que
lidar com matemática, que terão apenas que cozinhar e que isso é fácil. Esquecem
que por trás de um bom prato tem as técnicas e eles acreditam que chegaram a
ser chefes de cozinha rapidamente. E quando vem que não é assim, eles desistem
do curso". Ele ainda aconselha que os interessados em cursar gastronomia,
devem ir até restaurantes pra ver como funciona, tirar dúvidas e ver como e o
dia-a-dia dentro de uma cozinha cheia de gente, com um calor excessivo.
Para o estudante de curso pré-vestibular, Ivan Schiavinatto, que mora em
São Paulo, a gastronomia foi um hobby que virou trabalho. Ivan completou o
curso e trabalhou na área, mas com o decorrer do tempo viu que não era bem isso
que queria. "O salário é baixo, mesmo depois de anos na profissão. E
trabalhar aos finais de semana não é nada agradável, quando seus amigos e
familiares viajam e você tem que ficar num ambiente, quase sempre
estressante", diz ele.
Já Fabrício Tadashi Machado, que se forma em gastronomia em julho de
2014, sempre gostou de cozinhar para amigos e para a família. “A minha
primeira graduação foi em hotelaria e turismo. No curso eu tive matérias
sobre alimentos e bebidas e desde então eu quis me aperfeiçoar mais nesta
área". O estudante também tem interesse em montar uma nova rede de
fast-food. Ele já faz estágio como bussines travel (viagens corporativas) e
freela de pequenos eventos, como por exemplo, jantares. O estudante ainda
acha que os cursos de gastronomia deveriam ter um restaurante que atendesse ao
público, para que os alunos pudessem trabalhar supervisionados pelos professores
e que isso daria uma realidade mais próxima de como é a profissão.
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